Você já deve ter percebido que, assim que termina uma série ou um filme, o serviço de streaming sugere alguns produtos para assistir, e caso você feche o site/app, quando você retornar, novas indicações estarão lá. Isso é óbvio, porque ele se baseia no que você assistiu para criar uma “locadora” com os seus gostos. Porém, desde dezembro de 2017, tem sido usado um novo algoritmo que se transforma a cada segundo.
A Netflix agora varia as imagens de seus produtos. Vai ser um pouco difícil de explicar, mas vamos lá: o serviço indicou para duas pessoas o filme Pulp Fiction, só que para a primeira a foto era da personagem interpretada por Uma Thurman; já para a segunda, era do John Travolta. A fim de chegar a essa conclusão, ele se baseou nos longas assistidos pelos dois usuários; mesmo sendo histórias com temáticas diferentes das de Pulp Fiction, a associação levou em consideração os atores principais.
A técnica parece aleatória, mas é uma das formas mais fáceis de chamar a atenção de um espectador. Quando há muita informação, o usuário acaba pulando e, se ele vir um rosto conhecido, a chance de escolher aquele filme/série se torna muito maior. Vale ressaltar, contudo, que isso não fica restrito apenas para fotos de atores principais; em vários casos há relevância também nas imagens e fontes utilizadas no título.
Outro exemplo é Stranger Things, série com atores “desconhecidos”, mas ambientada na década de 80 e repleta de referências. A Netflix é capaz de perceber que alguém assiste a muitas coisas ligadas a essa década, e, com exceção da Wynona Ryder, não tem atores para usar como capa. Então, o serviço opta por colocar a fonte em evidência, já que ela lembra os filmes de terror da época, ou usar os garotos vestidos de Caça-Fantasmas, além de aproveitar os pôsteres homenageando os longas desse período, como Contatos Imediatos de Terceiro Grau ou Alien. Em todos os casos, são imagens que deixarão esse usuário oitentista familiarizado mesmo sendo um produto criado nos dias atuais.
Nick Nelson, gerente global de serviços criativos da Netflix, explicou um pouco disso em 2016, muito antes de o novo algoritmo entrar em ação: “Realizamos alguns estudos de pesquisa do consumidor que indicam que a arte do filme/série é não só o maior influenciador na decisão de assistir algo, mas também o maior foco durante a navegação do aplicativo, constituindo 82% desse estudo. Nós também percebemos que usuários ficaram em média 1,8 segundo considerando cada título enquanto estava na Netflix.”
Não é um sistema revolucionário, mas é sem dúvidas uma evolução do que já estamos acostumados em toda a internet. Sites com Facebook e Google usam ferramentas parecidas, mas, como possuem um fator de interação maior, são apresentadas diferentes sugestões. A rede social de Mark Zuckerberg, por exemplo, se baseia nas páginas que você visita e no que você publica para filtrar sua linha do tempo e indicar páginas para curtir; é uma forma de tentar prever o que usuário vai consumir logo em seguida, assim como a Netflix faz.
Este texto foi escrito por Pedro Henrique para o Minha Série